segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A Origem da Culpa

Os ideais darwinistas sobre a evolução e a selecção natural, para além de apresentarem uma falsa solução para a origem das espécies e do Homem abriram caminho para a implementação de uma falsa teoria sobre a formação do sentimento de culpa na civilização. Assim, é sobre os pressupostos desta segunda teoria que me vou debruçar.

Segundo alguns filósofos, antropólogos e até mesmo médicos contemporâneos de Darwin - cépticos a qualquer doutrina derivada da aceitação da existência de um Deus criador - a causa de muitos problemas/sintomas da sociedade (e de cada indivíduo) encontrava-se na origem da humanidade, mais precisamente num sentimento de culpa estabelecido na altura e derivado de um homicídio cruel: o homicídio de um pai primitivo. Esta teoria desenvolvida ao máximo por Freud (que, curiosamente, tentava ajudar indivíduos que apresentavam problemas comportamentais de origem psíquica) afirma que a cultura (relativamente à instauração da ética e da consciência individual e colectiva) funda-se na culpa resultante do assassinato do pai primitivo e na consequente instauração de leis a esta associadas, entre elas, a obediência à autoridade do pai.

Assim, teria existido, segundo esta hipótese, uma comunidade de indivíduos com capacidades de raciocínio elementares, muito diferentes das actuais e que, por quererem obter os mesmos direitos do tal “pai” decidem matá-lo. Daqui toda a cultura ter-se-ia desenvolvido até adquirir a forma que apresenta hoje, assim como a necessidade de, ao longo dos anos, o homem apresentar práticas religiosas e de busca de respostas numa entidade divina. A culpa pela morte do pai e o desrespeitar da sua autoridade teria, então, estabelecido na consciência colectiva leis e posteriormente rituais, numa tentativa de desculpabilização. Esta culpa seria simultaneamente a causa dos problemas de ordem psíquica apresentados pelos indivíduos actualmente.


"Somente a tentativa de destruição de um Deus bom e criador,
onde a revolta seria um comportamento abominável,
podia ter como consequência a instauração de uma culpa
colectiva e transmitida geração após geração."

A primeira evidência que retira, na minha opinião, toda a veracidade a esta teoria é a readaptação óbvia que faz do relato bíblico, ou seja, identifica quatro momentos fundamentais e atribui-lhes um novo contexto. Estes quatro momentos, chamemos-lhe assim, considero precisamente idênticos aos que a Bíblia relata: o primeiro é a existência de um Pai com autoridade suprema; o segundo, a presença dos seres submissos à Sua autoridade; o terceiro, a tentativa de destruição do Pai; e por último, a permanência da autoridade do Pai mesmo após a tentativa de supressão do mesmo. Assim, não me parece que uma teoria que se posiciona contra o relato bíblico e que, posteriormente o copia e necessita readaptá-lo para justificar o que não pode ser justificado recorrendo apenas a argumentos evolucionistas, como algo tão imaterial como a culpa, mereça qualquer tipo de credibilidade. Para agravar ainda mais a situação o que esta teoria apresenta à humanidade é a “não solução” para os seus problemas. É precisamente neste momento que, ridiculamente, se afasta do relato bíblico: neste último mantém-se a autoridade de um Pai vivo, impossível de ser aniquilado e que possui um amor incomparável por cada criatura, no qual reside a cura da humanidade; no primeiro, mantém-se a autoridade de um pai irremediavelmente morto e que a única herança que deixou foi um sentimento de culpa ao qual a humanidade está infinitamente condenada e sem solução.

Outro grande lapso desta teoria está na explicação para a origem desse pai e na instauração da sua autoridade sobre os outros seres, sendo que todos se encontravam ao mesmo nível, produto da mesma evolução. Este pai ter-se-ia imposto aos outros pela força, segundo a lei natural do mais forte passando, assim, a dominar sobre os seus parceiros, ditando as regras de sobrevivência por meio de tirania. Ora um pai que não sendo criador e que sem direito prévio exerce domínio sobre os seus semelhantes só pode incitar necessariamente à revolta. Considerando esta comunidade intelectualmente semelhante a símios, o seu posterior assassinato nunca poderia instaurar um sentimento de culpa tão forte, capaz de influenciar a evolução da humanidade. O mais provável seria, pelo mesmo método, esse pai ser substituído por outro, igualmente forte e dominante. Somente a tentativa de destruição de um Deus bom e criador, onde a revolta seria um comportamento abominável, podia ter como consequência a instauração de uma culpa colectiva e transmitida geração após geração.

A Bíblia relata que Deus criou o Homem à sua imagem e semelhança e lhe deu domínio sobre todos os outros seres vivos, mas não lhe concedeu o discernimento do bem e do mal, capacidade que só Deus possuía. No entanto, o homem ambicionando ser igual a Deus, conhecedor do bem e do mal, desobedeceu ao seu criador comendo do fruto que lhe tinha sido proibido. Após comerem do fruto proibido o homem e a mulher tomam consciência da sua condição imperfeita e do sentimento de culpa pelo seu acto. É portanto, deste episódio que nasce a culpa e a necessidade do Homem procurar o perdão do Pai e encontrar uma forma de preencher o vazio a que ficou sujeito ao ser condenado á morte. Surgem assim duas opções: ou se acredita na terrível fatalidade de que não há solução, de que se é infinitamente culpado e nos auto- condenamos a uma vida sem sentido; ou se acredita e experimenta o perdão de um Deus vivo, um Pai misericordioso e que se apresenta como a cura para a culpa da humanidade.

1 comentário:

Anónimo disse...

Argh! Mal consigo lêr! Muda as cores do blog!