sábado, 13 de outubro de 2007

A Reconciliação da Moral

“Sem dúvida, numerosas obrigações morais continuam a enquadrar a busca do prazer: mas, ao banir o dogma do pecado original e ao reabilitar a natureza humana, os modernos fizeram da procura da felicidade terrena uma reivindicação legítima do homem face a Deus, um direito do indivíduo cujos efeitos não conseguimos ainda registar completamente.”
GILLES LIPOVETSKY in O Crepúsculo do Dever


Todos os dias ouvimos falar de direitos e deveres morais: seria impossível conceber uma sociedade que não se regesse por leis, considerando que as leis são criadas a partir de um modelo de moral. A História apresenta-nos duas concepções de moral - a moral edificada sobre Deus e a moral com uma base humana-racional – sendo que a segunda veio substituir a primeira, segundo um processo de secularização da ética iniciado no século XVII e emblema da cultura democrática moderna.

Livres da influência da fé os homens aprisionaram-se dentro dos monstros que eles próprios criaram para dominar a natureza e reconstruir um novo ser: o ser perfeito. Apelando a este ser perfeito aprisionaram-se em terror, revoluções, guerras e, em nome da razão política e da racionalidade científico-tecnológica lançaram os Estados em homicídios abomináveis. Quando a moral se posiciona na história negando o pecado original e a submissão a um Deus criador e perfeito e aceita cada indivíduo como produto de uma suposta “evolução” da matéria, torna-se espelho de uma sociedade hedonista na qual os direitos subjectivos são defendidos enquanto que os deveres derivam desses direitos enquanto obrigações de os respeitar. Assim, é clara a desculpabilização atribuída a cada indivíduo assim como a falta de dever para com o seu próximo. Este modelo de moral asfixia-se, ou seja, fala e cresce contra si próprio, sendo que, ao negar um modelo de conduta divino acima do bem e do mal, reivindicando o conhecimento da distinção desta dualidade para cada criatura, estando todas as mesmo nível, nenhuma pode afirmar que o que defende está correcto e que, por seu lado, o outro está errado.
Em última instância, esta moral propõe que não existe qualquer verdade, que tudo é lícito e nada é passível de sofrer qualquer tipo de juízo. Logo, parece-me existir aqui um grande paradoxo e um confronto entre esta nova comunidade em que cada indivíduo se regra a si próprio e a necessidade de criar leis e insistir na definição de uma moral. Logo, a necessidade de leis é prova evidente de que o homem não é auto suficiente nem surgiu a partir de uma evolução de partículas de matéria; é ainda prova evidente de que existe uma hierarquia e que no topo dessa hierarquia está Deus. A própria natureza comprova esta evidência.
"Esta reconciliação não pode partir do geral para o
particular,mas sim o inverso, ou seja, não pode
partir da sociedade em geral e somente depois
atingir o indivíduo mas tem de partir deste último."

Muitos sociólogos são unânimes na opinião de que só podemos fazer referência a uma moral (no sentido da sua aplicação com efeitos benéficos para a sociedade, visto ser este o seu fim) quando Deus esteve no princípio desta. Muitos, questionam-se ainda, se após este “desastre global” a história se reconciliará com a moral. Esta reconciliação não pode partir do geral para o particular, mas sim o inverso, ou seja, não pode partir da sociedade em geral e somente depois atingir o indivíduo mas tem de partir deste último. Antes de se reencontrar a moral é necessário repensar a ética pois esta refere-se, antes da moral, ao princípio que regula cada indivíduo no seu íntimo. Mas para que esta cadeia de influências produza a paz, a raíz tem de estar em Jesus Cristo, o filho de Deus, criador do Homem e do universo, o alfa e o ómega, o único que pode estabelecer a distinção entre o bem e mal, o certo e o errado, o juíz dos juízes. Jesus, na condição perfeita de Deus e Homem, ao dar a vida por cada criatura, abriu as portas a cada indivíduo para a reconciliação com Deus.

Termino com as mesmas palavras com que iniciei: todos os dias ouvimos falar de... Enfim, propostas para a “cura” da sociedade, novos modelos, “valores”, direitos, deveres... Hoje, eu falo da reconciliação que Deus quer consumar com cada um de nós individualmente. Somente depois desta reconciliação podemos falar de uma segunda - a da história com a moral.

2 comentários:

Anónimo disse...

Porque nao escrever com palavras um pouco mais básicas?? Há pessoas, como eu, que ao não saberem interpretar conceitos bíblicos e do interesse humano duma maneira tão complexa, ao ler os vossos textos nao esclarece...esta é minha opinião e não sei se me fiz entender! Mas porque não publicar artigos de alguém que escreva pouco, mas duma maneira objectiva! Assim se veriam as diferenças...e talvez englobassem experiências pessoas e milagres ocorridos pela mão de Deus!!

Esta é a minha opinião. Parabéns pelos vossos artigos!

rute disse...

Quero desde já agradecer o comentário pois é sempre gratificante conhecer uma crítica de quem lê estes artigos e com isso aprender, por vezes um pouco, ou então detectar certos erros e tentar corrigi-los.
Neste caso, percebi o que querias dizer e aceito a tua opinião, mas este blog trata de assuntos que, se fossem referidos de formas mais "básicas", como dizes, perderiam um certo crédito, validade e veracidade. Para debater ou refutar certas ideias temos de falar delas no seu própio contexto e, assim, atingir e tocar quem nelas acredita. Para todos os assuntos há um contexto e tempo próprios.
Além disso este espaço também pode servir para esclarecer dúvidas, o que me disponibilizo desde já a fazer, sempre que as tenhas. Teria todo o prazer em esclarecer-te e assim, em conjunto, aprenderiamos algo mais. :)