sexta-feira, 21 de setembro de 2007

O Lugar da Verdade

“A nossa inteligência ocupa na ordem das coisas inteligíveis a mesma posição que o nosso corpo na extensão da natureza.” BLAISE PASCAL

Ao transcrever este excerto do pensamento de Pascal não é minha intenção descrever aqui o seu pensamento filosófico ou enaltecer alguma teoria humana, nem tão pouco expor algum tipo de tese sobre as limitações e capacidades do Homem enquanto agente no mundo físico e material. Assim, quero apresentar este “Homem” como um ser imperfeito, apesar das suas doutrinas e lutas pela perfeição; como um ser fraco, apesar da sua pretensão em confiar na sua própria força; e como um ser limitado, apesar de se ter considerado o salvador da sociedade e detentor de todas as respostas em direcção à verdade. Mas afinal que verdade é esta? Qual é a ordem ou lei onde reside esta verdade? Será uma ordem sensível, empírica e física ou, pelo contrário, uma verdade encerrada numa ordem inteligível alcançável mediante um pensamento racional só a alguns seres mais “iluminados”?

Sendo incontornável e indiscutível que existe uma verdade, permanece para muitos apenas a dúvida e a discussão quanto à sua origem, ao seu lugar e ao seu fim. Logo, existindo esta verdade absoluta que o Homem (não só no sentido colectivo mas individual) persegue desde as suas origens existe, como causa, uma falta, um vazio que está sem resposta e que a tem procurado numa imitação, numa cópia da verdade absoluta. Sim, numa cópia imperfeita; uma falsa verdade cuja origem e fim é semelhante ao entendimento humano. Este, por sua vez, rejeitando uma verdade para si incompreensível, aparentemente absurda às suas capacidades intelectuais, criou outra à sua imagem, imperfeita cujo fim é a morte, a frustração e um vazio ainda maior. Este Homem, que se considerou tão capacitado colocando-se no lugar de criador, na cegueira que a própria arrogância lhe causou, não percebeu nem vê que, se o seu fim é a morte, algo criado por si nunca poderá ter por fim a vida e a resposta.

"No entanto, a verdade absoluta, independentemente
de todas as cópias que o Homem tenha criado,
continua imutável e jamais perderá o seu carácter
de verdade única e salvadora para cada indivíduo e
para os problemas que a cultura moderna viu nascer."

Assim, é precisamente neste ponto que reside o problema: o Homem, ao colocar-se no lugar de Deus, assume-se como uma entidade criadora acreditando mesmo que a verdade reside nele próprio e nas suas obras. Com implicações históricas, esta corrente humanista que, inicialmente com o título de “modernidade” parecia ser a solução para problemas de desigualdade social, pobreza extrema, guerra e miséria, apenas veio substituir uma ética com tradição cristã que regia o mundo ocidental, por uma crença no Homem, abalando as noções de bem e de mal. Ao tentar colmatar os exageros e atrocidades cometidas por certos fanatismos religiosos o Homem colocou-se no lugar da verdade, como “tábua de salvação” e proclamou uma era hoje apelidada de Renascimento, que implicou o renascer de cânones e ideais clássicos, entre eles o culto à beleza e à sensibilidade Humanas que encontram agora um caminho de acção sem barreiras morais.

No entanto, a verdade absoluta, independentemente de todas as cópias que o Homem tenha criado, continua imutável e jamais perderá o seu carácter de verdade única e salvadora para cada indivíduo e para os problemas que a cultura moderna viu nascer. A descoberta dessa verdade não implica uma aceitação de ideais criados pela sociedade contemporânea – esta descoberta é individual, dada a cada ser humano, pela justiça e misericórdia que residem nela; esta verdade não reside numa ordem física e imperfeita nem numa ordem inteligível onde actua a inteligência humana. Por ser perfeita ela não tem qualquer relação com a dimensão do conhecimento humano, pelo contrário, ultrapassa-a e só pode ser alcançada mediante a Fé.
Esta verdade reside em Jesus Cristo, o filho de Deus revelado ao Homem; esta verdade, considerada absurda por muitos que não aceitam a fé, fez-se simples para estar ao alcance de todos, encerrando em si, ao mesmo tempo, todas as respostas que o Homem procura mas que não alcançará por outros meios. Somente pelo conhecimento desta verdade o Homem pode viver em paz consigo mesmo e viver em plenitude gozando de uma felicidade que nenhuma teoria ou doutrina humanas podem oferecer e que muito menos se pode adquirir pelo estatuto social.

Assim, não confiemos pois em nós próprios, na nossa inteligência ou capacidade humana – sozinhas estas coisas nada podem para encontrar a verdade. Concluo com uma frase proferida pelo Homem mais sábio que andou sobre a terra e que aniquila qualquer filosofia: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. O autor desta frase foi Jesus, aquele que tentaram calar mas nem a morte O pôde conter.


1 comentário:

Anónimo disse...

Ei, já li o texto e posso agora dizer que está interessante e esclarecedor! Percebe.se bem a ideia k queres transmitir.

Pessoalmente gosto da expressão: "Seres mais iluminados"! ehehe
* DVA e continuem com o bom trabalho no blog!